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Melhor que mudar de país é mudar o país, diz Roberto Teixeira da Costa

Em videoconferência da Fiesp, autor do livro ‘O Brasil tem medo do mundo? Ou o mundo tem medo do Brasil?’ defende as qualidades do país e dedica sua obra às novas gerações

Nada mais existe no Brasil que possa ser ignorado. É um país de gente capacitada, empresários competentes, estudiosos e dedicados. Essa é a avaliação do economista Roberto Teixeira da Costa, convidado pelo Conselho Superior de Estudos Avançados (Consea) da Fiesp para a reunião realizada por videoconferência na segunda-feira (19/7), que teve a mediação do presidente do Conselho, Ruy Martins Altenfelder.

O desejo de contribuir com sua experiência fora do Brasil e explicar o ‘complexo de inferioridade’ do brasileiro foram algumas das questões que motivaram Costa, que também é conselheiro do Consea, a lançar o livro ‘O Brasil tem medo do mundo? Ou o mundo tem medo do Brasil?’, com o selo da Editora Noeses.

Além de ter sido presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o autor também ocupou diversos cargos em instituições internacionais de economia e relações internacionais, que lhe conferiram a experiência e visão que é retratada no livro. “Já morei em outros países, e posso afirmar que é melhor ficar doente no seu país do que no exterior. Temos um país maravilhoso. E em vez de mudar de país, essa nova geração, a quem dedico minha obra, deveria pensar em mudar o país”, sugere Roberto Teixeira da Costa.

Uma das características do brasileiro é que ele não sabe dizer ‘não’ nas situações do dia a dia, segundo o pesquisador, mas quando se trata de questões mais sérias, o brasileiro não consegue se expressar. “Somos mestres em defender o que não queremos, mas não somos claros em dizer o que queremos”, apontou Costa, que criticou também a postura institucional. “Um dos maiores problemas do Brasil é não ter um programa de Estado, mas programas de governo”.

Costa ressaltou a importância de olhar para o futuro e sair, de fato, do isolamento. Ele defende o reestabelecimento do multilateralismo e deixar de lado o viés protecionista nas negociações. “O Brasil sempre privilegiou o mercado interno, o que produziu o hábito de olhar para o exterior de forma defensiva. Nunca fomos um grande vendedor, digo, aquele que precisou aprender a vender, porque sempre foi fácil vender o pau-brasil, açúcar, ouro, café, etc. E nos acostumamos a ser o supridor do mundo, mas sem agregar valor”.

Contudo, de acordo com o economista, essa situação vem sendo alterada radicalmente nos últimos anos graças à agroindústria brasileira, que tem dado muitas demonstrações efetivas de que está preparada para vender melhor.

Ao abordar a percepção do país no exterior, Costa afirmou que a imagem negativa é produzida pelos próprios brasileiros. “Somos mestres em falar dos nossos problemas, o que causa esse reflexo distorcido. Um exemplo é a Amazônia. Não conhecemos aquele mundo. São poucos os que o conhecem, e aí surgem comentários que não condizem com a realidade”, exemplificou. “Isso não significa que inexistem problemas, mas precisamos encarar e solucionar. Mesmo porque a Amazônia é um patrimônio nacional, que devemos proteger, não porque os Estados Unidos exigem isso, e não pelas ameaças da Europa, mas por ser patrimônio brasileiro”.

Costa: Um dos maiores problemas do Brasil é não ter um programa de Estado, mas programas de governo. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

Texto de Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

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